Terroir Urbano Alfacina
Na Adega Belém, assumimos uma abordagem distintamente urbana e colaborativa na viticultura, vinificação e distribuição. Acreditamos que os grandes vinhos se fazem na adega tanto quanto na vinha. Para podermos trabalhar com as melhores uvas disponíveis, colaboramos de perto com os viticultores de três vinhas bastante distintas em Lisboa e arredores e acompanhamos o ciclo de crescimento das uvas ao longo do ano. Passamos muito tempo nas vinhas e decidimos o dia da colheita com base na maturação fenólica das uvas. A nossa equipa de amigos e familiares apanha cuidadosamente as uvas em caixas de 20 litros, que depois transportamos para a adega com a ajuda da nossa velhinha Toyota 150 Dyna de 1986. As uvas chegam intactas à adega. Não aplicamos sulfitos ou outros aditivos nessa fase, e deixamos as uvas fermentarem espontaneamente, principalmente como bagas inteiras para permitir uma liberação lenta e progressiva dos açúcares. Deixamos os vinhos crescerem ao seu próprio ritmo para que possam desenvolver personalidades fortes e vibrantes. Aplicamos pequenas quantidades de sulfitos antes do engarrafamento, pois não queremos que os vinhos refermentam na garrafa ou se transformem em vinagre. Os níveis de sulfito estão em torno de 30ppm, o que coloca os nossos vinhos na categoria de alimentos com baixo teor de sulfito. Isto, aliado à utilização de rolhas naturais de alta qualidade, permite que os nossos vinhos continuem a crescer em garrafa.
Vale de Caparide – Uma vinha eclésiastica na Costa do Estoril
Metade dos vinhos tintos da Adega Belém são produzidos a partir de uvas cultivadas no vale de Caparide, localizado na costa sul da península de Lisboa, cerca de 15 km a0 oeste da adega. Este vale estende-se desde as praias de São Pedro de Estoril até ao sopé da serra de Sintra, que o protege dos ventos frios do noroeste do Atlântico. Rochas calcárias e leitos de conchas marinhas fósseis sob sedimentos geo-historicamente mais recentes do rio Caparide formaram um fluvissol de retenção de água com horizontes de solo fracamente estruturados e um solo fértil; uma base ideal para vinhos tintos mais leves. O clima é atlântico com noites frescas e dias quentes a quentes levando a um período de maturação das uvas prolongado. A vinha pertence a um dos seminários sacerdotais mais antigos de Lisboa e faz parte do histórico DOP Carcavelos desde a sua criação. É hoje gerido por uma pequena equipa de agricultura experiente, implementando um protocolo de baixa intervenção, baseado principalmente em tratamentos ad hoc contra doenças fúngicas da uva. Não há irrigação. Também colocamos um par de espantalhos na vinha para lidar com a abundante e gourmand população local de pombos.
Tapada da Ajuda – Uma Vinha dentro de Lisboa
As uvas para a maioria dos vinhos brancos da Adega Belém são cultivadas na vinha da Universidade de Lisboa, localizada no campus do Instituto Superior de Agronomia, no bairro urbano da Ajuda, em Lisboa. Localizadas no sopé mais baixo da serra do Monsanto, as vinhas estão viradas a sul e têm vista para o rio Tejo. Protegida dos ventos frios do Atlântico, a vinha beneficia de um microclima mediterrânico numa região atlântica. A acrescentar a esta situação curiosa está a seleção de castas aqui cultivadas, principalmente uvas de clima frio, incluindo Encruzado, Moscatel Gaelgo e Alvarinho, originariós do Norte do Portugal. O período de maturação começa muito cedo e as vindimas também já estão a todo vapor quando a maior parte de Portugal ainda está de férias de verão nas praias do Algarve. Os solos são ricos em antigas rochas calcárias cobertas por depósitos lodosos argilosos aqui transportados pelo rio Tejo e pelo vento. As vinhas são geridas por uma equipa de agricultura profissional que implementa um protocolo de baixa intervenção, baseado principalmente em tratamentos antifúngicos ad hoc, regas pontuais e proteção física das uvas através de redes.
Bemposta em Alenquer – O Napa Valley do Portugal
As uvas dos vinhos tintos mais intensos produzidos pela Adega Belém – Rabo da Rainha Grande Reserva 2020 e Lili 2020 – são cultivadas numa vinha junto ao Rio Ota na região DOP de Alenquer, a cerca de meia hora de carro a nordeste da adega ao longo o rio Tejo. As principais castas aqui cultivadas são Touriga Franca, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Castelão. O solo é formado principalmente por sedimentos lodosos dos rios Tejo e Ota, com um subsolo calcário mais profundo. Beneficiando da brisa fresca do Atlântico, a cerca de 10km de distancia, durante a noite e a manhã, estando expostas a pleno sol a partir do meio-dia, as uvas beneficiam de um período de maturação prolongado e de óptima maturação fenólica na maioria dos anos. A vinha é gerida por uma equipa de viticultores experientes e aplica uma abordagem de intervenção mínima, baseada principalmente em tratamentos ad hoc contra fungos e pragas. A vinha não utiliza um sistema de irrigação.