Sapos + ♥ = vinho

Antes de se tornar enóloga, Catarina trabalhou como bióloga evolucionista e passou muitos anos a estudar a rela ibérica. Ela descobriu que as fêmeas geralmente só respondiam e acasalavam com machos que os chamavam no dialeto das relas locais. Descobriu também que algumas fêmeas se deixam levar pelo feitiço único de um macho estrangeiro que passa pelo seu lago, e o amor acontece. Ela mostrou que, embora estatisticamente atípicas, estes casais mistos trouxeram inovações significativas à população a nível genético e na vida social em geral. Como a vida romântica da rela ibérica fornece uma ótima metáfora para a nossa abordagem à produção de vinho, tornámo-la o nosso animal totémico e o logótipo da empresa. Acreditamos que o confronto com diferenças nos desafia a repensar o que tomamos como garantido e a criar as nossas próprias formas de viver e de amar neste mundo.

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Antes de 2013

Começámos como investigadores universitários, Catarina como bióloga evolucionista a explorar o acasalamento de sapos em Portugal e David como antropólogo a estudar a proteção dos recifes de coral e o pensamento mágico no Oceano Índico Ocidental. Conhecemo-nos num churrasco no verão de 2009 e ficamos juntos desde então.

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2013 Back to School

Decidimos fazer vinho juntos e iniciámos um mestrado de dois anos em enologia e viticultura no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa em 2013. Um estágio profissional levou-nos à região do Alentejo. Tornámo-nos alunos Erasmus e passámos o nosso segundo ano de estudos no Programa Vinifera Euromaster, na Universidade de Geisenheim, na Alemanha.

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Primeiro lote tinto feito na casa de banho

O nosso primeiro lote de vinho tinto foi feito na casa de banho do nosso apartamento em Santa Catarina, em Lisboa. O cheiro era de uma mistura de supercola, geleia de morango demasiado cozida e xerez oloroso. Guardámo-lo para aqueles hóspedes que não queriam ir embora.

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2015 Anos de aprentissagem

Catarina tornou-se enologa assistente na Provins, no Valais suíço, e mais tarde na Grande Enseada, em Redondo, Portugal. Em 2017, tornou-se enóloga residente na Herdade da Barrosinha, em Alcácer do Sal, onde trabalhou até 2019 com um dos mais antigos enólogos portugueses, António Saramago.

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2015 Investigação empirica sobre enoturismo

A investigação na África do Sul, Califórnia, Bordéus, Áustria e China, financiada pela Universidade de Lausanne, na Suíça, onde David se tornou professor catedrático, ajudou a esclarecer como trazer o enoturismo para o século XXI. Percebemos que precisávamos de levar a adega para onde queremos viver e trabalhar: no coração da cidade de Lisboa!

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2016 Transformar uma oficina de automóveis em adega

Encontrámos uma antiga oficina de reparação de automóveis em Belém. Apaixonámo-nos instantaneamente pelo seu espaço estranho e maravilhoso, cheio de equipamentos antigos numa ótima localização. Compramos o local para o transformar na nossa adega. Dois advogados, quatro notários e mais de 70 vizinhos ajudaram-nos a atualizar todos os documentos legais ligados ao registo predial. A adega recebeu uma estrutura de aço à prova de sismos, nova tubagem, nova cablagem elétrica, portas corta-fogo e um telhado de poupança de energia.

2020 A grande abertura

Após um ano intensivo de trabalhos de demolição, alvenaria, carpintaria, canalização, reboco, pintura, negociação com empreiteiros e programação de sites, obtivemos a nossa licença de adega e estávamos prontos para operar no início de 2020. A epidemia do coronavírus obrigou-nos a adiar isto até ao verão. 2023 foi o primeiro ano em que a nossa empresa atingiu o ponto de equilíbrio e ganhou dinheiro. No entanto, o velho ditado: “Se deseja ganhar uma pequena fortuna com uma adega, comece por uma grande” continua a ser verdadeiro: gerir uma adega significa trabalho físico árduo, longas horas, muito dinheiro imobilizado e baixos rendimentos. O trabalho começa novamente todos os anos. Mas somos livres e podemos autodeterminar o que fazemos, quem somos, que vinhos gostamos de produzir!